Luzes na cidade


A sensação era a de que aquele cubículo a qualquer momento poderia me engolir, apertava meus livros contra o peito para que aquela sensação claustrofóbica desaparecesse. 12°, 13°...olhei para ele e sorri tentando disfarçar o meu medo ou talvez mostrar que era durona e corajosa. Ele me devolveu o sorriso como se tivesse entendido a mensagem subliminar que passara. Não sei mas aquele sorriso acalmou o meu coração.
14°,15°...enfim chegamos! A cena parecia de filme de terror. E mais o meu coração palpitou de medo e tive vertigem. Nunca estive em um lugar tão alto.
Mais umas escadas, portas de emergências macabras, uma janela que mal cabia o meu corpo - ou talvez eu fosse desajeitada o bastante para não caber - e lá estava a cena mais linda que vi até agora; o medo de altura e a vertigem se confundia com a paz e a gratidão de , após um dia corrido, admirar as luzes da cidade aos poucos se acederem, enquanto a penumbra se transformava em breu.
Fechei os olhos e agradeci. Muito. A Deus, por estar naquele terraço e por me aventurar na companhia que estava. Olhei pra ele e o abracei. Continuei a olhar para o horizonte de carros que mais pareciam vaga-lumes e não conseguia pensar em nada, a não ser o quão bom era ficar ali.
Eu lhe jurei amor mais uma vez com sussurros, dessa vez olhando para o céu  que começava a salientar as tímidas estrelas.
Senti o vento nos cabelos e no rosto, enquanto eu sentia todo amor dele por mim, com o gesto puro de segurar as minhas mãos.
Naquele momento desapareceu tudo para nós. Ficou Deus, ele, eu e os nossos planos de um futuro juntos, brilhando junto com as luzes da cidade que se acendia.

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