Luzes na cidade


A sensação era a de que aquele cubículo a qualquer momento poderia me engolir, apertava meus livros contra o peito para que aquela sensação claustrofóbica desaparecesse. 12°, 13°...olhei para ele e sorri tentando disfarçar o meu medo ou talvez mostrar que era durona e corajosa. Ele me devolveu o sorriso como se tivesse entendido a mensagem subliminar que passara. Não sei mas aquele sorriso acalmou o meu coração.
14°,15°...enfim chegamos! A cena parecia de filme de terror. E mais o meu coração palpitou de medo e tive vertigem. Nunca estive em um lugar tão alto.
Mais umas escadas, portas de emergências macabras, uma janela que mal cabia o meu corpo - ou talvez eu fosse desajeitada o bastante para não caber - e lá estava a cena mais linda que vi até agora; o medo de altura e a vertigem se confundia com a paz e a gratidão de , após um dia corrido, admirar as luzes da cidade aos poucos se acederem, enquanto a penumbra se transformava em breu.
Fechei os olhos e agradeci. Muito. A Deus, por estar naquele terraço e por me aventurar na companhia que estava. Olhei pra ele e o abracei. Continuei a olhar para o horizonte de carros que mais pareciam vaga-lumes e não conseguia pensar em nada, a não ser o quão bom era ficar ali.
Eu lhe jurei amor mais uma vez com sussurros, dessa vez olhando para o céu  que começava a salientar as tímidas estrelas.
Senti o vento nos cabelos e no rosto, enquanto eu sentia todo amor dele por mim, com o gesto puro de segurar as minhas mãos.
Naquele momento desapareceu tudo para nós. Ficou Deus, ele, eu e os nossos planos de um futuro juntos, brilhando junto com as luzes da cidade que se acendia.

Quase Psicóloga





Primeiro dia de aula na faculdade e uma pergunta do jardim de infância ( aquelas do tipo: qual o seu nome e o que você quer ser quando crescer) marcaram o inicio da minha vida acadêmica:
 "Qual o seu nome e porque você está fazendo psicologia?"
 Lógico que eu respondi prontamente: "Meu nome é Thayllanna, estou fazendo psicologia porque fui aprovada pelo Prouni. "
O que não deixou de ser verdade, consegui uma bolsa parcial para cursar psicologia no segundo semestre do ano de 2011. Por que eu entrei? Pra não ter que voltar pro interior e ser infeliz fazendo enfermagem ou nutrição ( nada contra os enfermeiros e nutricionistas ), enquanto eu tentava arduamente passar pra Direito.
Depois que eu cheguei em casa naquele dia, continuei como questionamento ( imaginem um balão de pensamento e nele escrito o seguinte devaneio ): "O que eu estou fazendo naquela sala gelada com quase 80 alunos, uns estranhos demais, outros comuns demais? Sou mais uma lá."
Dia 27 desse mês se comemorou o Dia do Psicólogo, o dia do profissional que além de estudar mente e comportamento ama pessoas e tudo que as remete.Lembrei -me também que este é o último que comemoro sendo apenas estudante e fiz uma retrospectiva de tudo que já passei ao longo da graduação.
90% e pegando o lápis com a ajuda de uma calculadora ( sou de humanas, tá?), talvez eu tenha pensado em desistir do curso 10 vezes por período, umas pensando que o curso não era pra mim, outras, com saudades de casa e o colo da mamãe.
90% e o meu circulo de amizade era em torno de 10 meninas, hoje tenho uma roda de quatros psicompanheiras, psicoamigas que, entre si, já brigaram, se afastaram, sorriram, choraram e se ajudaram.
90% e eu já fiz mais "atendimentos" com amigos que um psicólogo abrindo sua própria clinica assim que se forma. Meus amigos e seus conflitos eram/são meu estágio. Não era raro um amigo chega até a mim e perguntar coisas do tipo "o que a psicologia acha sobre isso?", "estou precisando de uma consulta gratuita", "Lanna, você faz psicologia, tenho certeza que pode me ajudar", "Mas ele (a), ta errado (a)","o que eu faço amiga, tu é psicóloga, pode me ajudar". Mesmo que por muitas vezes usando um simples conselho de amiga ou de quem está de fora da situação, pude aprender muito nos meus "atendimentos gratuitos". Técnica que eu usava com meus queridos amigos/clientes/pacientes ? Abraço terapêutico, fisicamente e em seus conflitos. Ah, como eu abracei seus conflitos.
90% e descobri que ensino superior é diferente de ensino médio. Como verbaliza o senso comum é "cobra engolindo cobra" e a teoria de Darwin prevalece até nos momentos mais afetivos entre os colegas de classe.
90% e eu descobri que muita gente entra pro curso mas que não veste a camisa do mesmo. Há muitos egoístas, orgulhosos, prepotentes, juízos de valores disfarçados de altruísmo e que com o tempo, todas as mascaras caem. Mas existem também as pessoas que são psicologia do dedinho do pé até o ultimo fio de cabelo, que amam o que estudam e o que fazem, essas sim valem a pena chamá-las de futuros psicólogos.
90% e eu já tenho meu referencial teórico definido e a área de atuação também. Mas não vou dizer que o que tenho sentido tanto esses dias é ansiedade. Não vou mentir dizendo que não tenho medo do mundo para além do acadêmico, que é tão cômodo e apesar de tudo, tão sem responsabilidades. Não vou deixar na inconsciência o meu desespero de olhar pra trás e ver tudo que eu já estudei e chegar a conclusão que eu ainda não sei de nada. E quem é que sabe? E quem é que conclui ?
90% e ainda dar vontade de quebrar a cara de quem diz que eu vou morrer de fome, ou quem pergunta se psicologia dar dinheiro ( ouvi dizer que a única coisa que dar dinheiro é mãe, o resto você tem que correr atrás pra conquistar).
A Psicologia ( ou o Prouni ) me escolheu. Às vezes é bom ser escolhido. Você sendo uma escolha, imagina ser amado por quem o escolheu e aprende a amar este "quem" ( no meu caso, o "que").
Hoje eu tenho a resposta 90% certa da pergunta do jardim de infância feita a mim no primeiro período: Meu nome é Thayllanna, eu faço psicologia por causa do Prouni sim. Mas eu descobri que ela é o meu amor, eu amo gente, amo cuidar de gente. Eu amo psicologia.  

P.s.: Este texto não está formatado segundo a ABNT, não é científico e está cheio de juízo de valores
Ps.2.: A autora do texto no momentos está descabelada pensando em seu TCC, porém, ama muito tudo isso.
P.s.: Amei fazer "P.s's" 

Retrovisor




E então, você está vivendo os melhores dias da sua vida: em comunhão com Deus, em paz com a família, ao lado de amigos que sabe que sempre poderá contar, em um relacionamento que te faz transbordar, de bem consigo mesma, quando de repente, o fantasma do passado resolve aparecer. 
E você tem batalhas mentais entre o bom tempo que se está vivendo e os dias difíceis que pensara ser passado.
O fantasma sempre volta: Deus te abandona, tua família te despreza, teus amigos desaparecem, teu relacionamento explode. Tudo resulta em você achar que é o ser mais desprezível do mundo por começar a estragar a nova chance que tem. 
As situações fazem isso com você quando você não as controla. E que tal se começarmos a olhar o passado como que para um retrovisor? 
Uma vez eu vi o pôr-do-sol através do retrovisor do carro e pensei: " Poxa, como eu queria voltar até lá e admirá-lo!", mas quanto mais eu avançava, mais distante ele aparentava estar. Parei de olhar pelo retrovisor e olhei pra frente, afinal, eu precisava chegar a um lugar e pra isso, a estrada que eu precisava percorrer merecia minha total atenção.
O passado precisa ser olhado porque ele é responsável pelo o que nos tornamos, pelos nossos aprendizados, mas não podemos voltar a ele todas as vezes que algo não dar certo e achar que por causa dele, não merecemos chegar para além das nossas expectativas, que não merecemos chegar ao nosso destino. Não dar pra voltar ao erro na tentativa de consertá-lo. Mas ao olhar pelo retrovisor, não ter motivos para querer voltar pra consertar algo. 
Quando eu entendo nas situações que são parecidas com o que eu passei, eu posso fazer diferente do que eu fiz, eu me aproximo mais uma vez de Deus, sabendo que ele nunca se afastou. Eu sim. Eu busco perdoar e ser perdoada pela minha família e amigos, porque assim como eu, eles também têm seus dias difíceis. Eu procurar amar com mais intensidade aquele que me faz transbordar em mim mesma, pois sei que ele é a extensão do amor de Deus por mim e consequentemente me torno o ser mais digno de receber e principalmente dar o meu amor.
Eu olho pro retrovisor e a minha vontade não é retroceder. Eu vou avançar! 

Minha mãe é essa coca-cola toda

( Tânia Maria : a coca-cola toda )


Faltando apenas uma hora para findar este dia em que se comemora o dia da mães, vim às pressas postar uma homenagem a minha mãe. Eu poderia postar amanhã, afinal, pra mim todos os dias são dela, ja que esse emprego sem remuneração é exercido em tempo integral.
Quem conhece a minha mãe sabe que ela é a fofura em pessoa guardada dentro de um frasquinho ( mas grande pra quem ama ), muitos nem imaginam o quão forte essa mulher é : cuidou dos irmãos, precisou sair de casa pra ter uma formação, cuidou e educou muito bem os filhos, segurou as minhas mãos em oração quando eu pensei várias vezes desistir...e ela nem sabia.
Mas mãe é MÃE! Elas sempre sabem, são profetas por natureza e fonte de sabedoria vinda do Alto.
Não saberia descrever o que é ser mãe, só sei que é um ser privilegiado por conceber a vida, por saber o que é amor incondicional por um rostinho que ainda não viu. É querer tomar a dor do filho pra sofrer em seu lugar. É fazer o possível e o impossível pela felicidade dos filhos, fazer de suas necessidades, motivo de oração.
Talvez ser mãe seja ficar de joelhos na madrugada enquanto o filho não chega de uma festa ou sempre falar que se mata de trabalhar todos os dias e seus filhos não dão valor. Creio que ser mãe é passar noites em claro enquanto o filho está doente. Talvez ser mãe seja a soma de todas essas partes resultando em um ser que é fonte de purificação dos filhos.
Eu não sei se um dia chego aos pés de ser o que minha mãe é pra mim, ou ser essa coca-cola toda como tantas outras mães que eu conheço, são para os seus filhos.Mas se depender do exemplo que eu tenho em casa , serei uma boa mãe.
Baixinha, fofinha, dedicada à sua profissão, amorosa com os pais e com os filhos, segunda mãe pra genro e nora, sonha comigo... sim, a minha mãe é essa coca-cola toda.
Feliz dia das mães

Esperar

( Praia do Jacaré - Paraíba )

Quem gosta de esperar? Para ser sincera, eu não gosto e acredito que ninguém no mundo  gosta de esperar.
Esperamos nove meses para nascer, mais ou menos um ano para andar e começar a falar as primeiras palavras, quatro anos para aprender a ler e escrever letras quase indecifráveis, treze anos para acabar o ensino fundamental junto com o  ensino médio, quatro ou cinco anos para terminar uma faculdade e dois anos pra terminar uma especialização ou um mestrado.
Esperamos o ônibus na parada, esperamos que alguém desça para sentarmos em seu lugar ou alguém que segure a nossa mochila.
Esperaos aquela aula chata, que parece se arrastar, acabar, ou o chefe insatisfeito parar de reclamar. esperamos pela hora do almoço.
Esperamos em filas de banco, da xerox e até do banheiro.
Esperamos por senhas, sorteios, um encontro com os amigos da escola que , há muito tempo , não ver. Um show do nosso cantor ou banda favorita e por uma viagem para o litoral do nordeste.
Do nascer ao morrer, nossa vida está fadada à espera. E como é ruim esperar.
É ruim esperar quando estamos passndo pelo deserto, chegamos a pedir para morrer. 
É ruim esperar no inverno, clamamos pelo calor e as cores da próxima estação, mas ela não chega.
Esperar requer tempo e paciência. Mas nem todo mundo é paciente.
Esperar requer uma decisão. Mas pouco aceitam esse desafio. Eu não gosto de esperar, mas a vida em si, me obrigada a isso.
Estou aprendendo a viver na espera. Eu não esperei quando tive a oportunidade de ser por amor, estou aprendendo a esperar pela dor. Estou aprendendo a esperar porque estou vivendo na dependência d Deus e ele me diz : "Espere!"
Esperar não é bom, mas é o certo.
Esperar a dor de uma decepção passar, esperar o tempo de se formar e trabalhar, esperar a casa ou o carro tão sonahado, o casamento tão planejado em seus minuciosos detalhes desde a infância, requer muito de nós, principalmente saber que todo esse tempo de espera, valerá a pena.
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