Carta póstuma à Augusto


Imagem da web

São Luís, 05 de junho de 2016
Olá pai, faz mais um ano que você foi embora. Já são seis anos que eu não te vejo. No começo eu não aceitei muito bem a ideia da sua partida, cheguei a questionar a Deus o porquê. Eu sei, toda errada. Não foi assim que me ensinaste, mas a ser grata a tudo, até aquilo que não é agradável.
Estou a duas semanas de terminar a faculdade, posso dizer que venci na vida ( esse é um jargão de uma menina daqui de São Luís que ficou famosa por nada, sei que iria odiar ouvir os snaps dela.). Foi difícil chegar até aqui, incontáveis foram as vezes que eu quis desistir. Deus não deixou. Mamãe também não. Fico triste por não poder dividir esse momento tão esperado com você, assim como a Nayra e o Thallysson ficaram. Mas você estava lá, no coração dos dois. Assim como vai estar em todos os momentos importantes da minha vida, no meu coração.
Vai ser difícil não entrar coom você na minha formatura, no meu casamento, não ver os meus filhos te chamarem de vovô. Ah, como eu queria tudo isso!
Sabe, a gente tem se virado bem. A gente cresceu bastante. Dona Tânia mostrou sua real força, que apesar da carinha de boba, ela é uma guerreira. O Thallysson, bom, ele é o melhor irmão do universo. Desde aquele dia terrível, nunca deixou de cuidar de mim. Um homem feito. Não só da idade, mas de atitudes.
Eu passei por muitas decepções. Por que quando conversávamos na porta de casa vendo estrelas, o senhor não me falou que era difícil ser adulto? Será que deixou com a vida a tarefa de me ensinar essa difícil lição. Talvez, suas conversas sobre a infância era a deixa pra alertar que eu devia continuar sendo criança. E tem sido assim que eu vou vivendo até o momento: tentando ser criança no amar e perdoar.
Falando nas estrelas, por um bom tempo foi dolorido olhar pra elas. Hoje eu olho pra elas junto com o Jackson, ele sempre fala que queria ter te conhecido e ter sua aprovação. Ele é folgado, mas tenho certeza que iria gostar dele.
Sua partida deixou um buraco enorme. Não fica triste! Deus já preencheu. E eu sei que escrever tudo isso pra alguém que nunca vai ler parece bobo, tosco... que eu seja. Só queria ter a sensação de conversar com você. Sem um céu estrelado, mas um papel todo rabiscado com um ar de curiosidade, de uma pergunta que nunca será respondida, de uma valsa perdida. Eu sei, que se estivesse aqui, se orgulharia de mim.

Nenhum comentário

Postar um comentário

Layout por Maryana Sales - Tecnologia Blogger