Antes dos 21





Faltando pouco menos de um mês para o meu aniversário de 21 anos e durante uma madrugada dessas de introspecção eu fiz uma "breve" retrospectiva do que vivi antes dos 21 anos e, CARA! Se  eu fosse contar tudo nos mínimos detalhes com certeza esse post viraria um livro.
Normalmente é a partir dos 20,21 que uma pessoa sai de casa pra estudar, morar sozinha, essas coisas. No meu caso, eu tive que sair aos 12 anos e morar na casa da minha vó se eu quisesse ter estudos melhores. Eu tive que aprender a desenrolar as coisas logo cedo, até porque , sem ter papai e mamãe por perto pra desenrolar as coisas, era só eu e meu irmão : eu por ele, ele por mim. Eu fazia as coisas por ele e POR MIM. E foi assim que eu aprendi a conviver com a saudade, a me defender das injustiças e a me tornar mais independente ( para algumas coisas, é claro). Mas foi nesse período também, que eu fiz amizades que eu vou levar pro resto da vida e que me deram suporte pra aguentar ficar ali.

(sou a do cabelo cacheado haha)






Toda menina de 14 anos sonha com uma linda festa linda de 15 anos não era diferente. Além de não ter festa ( e de forma nenhuma eu reclamo , o meu presente foi um tratamento para escoliose com um aparelho ortopédico lindo que vinha do pescoço até o quadril.
 Imaginem vocês : 15 anos, uma idade de descobertas, da aborrecência complicada,mudanças corporais, hormonais e ainda ter que andar com um troço que chama a atenção até dos mais desatentos. Foi triste. Foi dolorido. Mas foi!
Hoje eu vejo o lado bom de ter usado a Maria Fernanda ( nome que meus amigos colocaram no aparelho): fiquei com uma postura linda, cintura fina. Me senti uma verdadeira borboleta saindo do casulo. Acreditem se quiser, meu primeiro namoro foi nesse tempo.
 
(Boneca Cibernética,dyva até sendo robozinha haha )









 Parece que eu nasci para não morar em casa. Aos 16, sai do meu lar pra morar em São Luis , a cidade do meu coração. Desde criança dizia que ia morar aqui. Gosto do clima, das praias, da arquitetura do seu Centro Histórico, sua história.
Logo descobri que morar é diferente de passear.Que é convivendo que  se conhece as pessoas.
Vi que muita  pessoas tinham os mesmo sonhos que os meus e o tamanho da sede de alcançá-los eram inúmeras e eu estava totalmente despreparada para a vida aqui, ou pelo menos achava isso.
Saudades de casa, da vida mansa, dos amigos, das facilidades, da liberdade. O sonho se tornou uma realidade difícil e parecia que eu estava no limite das minhas dificuldades. Só parecia.

( Praça Gonçalves Dias, o por-do-sol mais lindo da Ilha )




5 meses em São Luis e 17 anos! Só mais um ano para a maioridade. 
E foi só mais uma semana e eu recebi a noticia que seria um divisor de águas pra minha vida, meus sentimentos, atitudes.
Logo após uma semana do meu aniversário meu pai morre.
Meu amigo e companheiro de zoações e de conversas. Aquele quem eu adorava escutar músicas pela manhã enquanto ele cozinhava e eu estudava. Que dizia que eu tinha um bom gosto musical e me deixava vaidosa. Aquele que nunca encostou a mão em mim, mas apanhei muito de suas palavras. Aquele que junto com a minha mãe lutou pra dar o melhor para mim e para o meu irmão.
E a nossa família ficou totalmente desnorteada, amparados uns nos outros.
E eu tive que ser forte para dar forças a todos. Eles me pediam isso sem se dar conta do mal que me fizeram tento que assumir esconder alguns sentimentos e assumir responsabilidades com seus singelos "faz isso por sua mãe", "não diz isso, eles estão sofrendo", "pensa no teu irmão, ele agora é o homem da casa.". Mágoa!
Eu fiquei muito magoada por não poder externar a minha dor como queria e ainda ter que engolir sapos ou dar um desses sapos por livre e espontânea pressão pra uma pessoa que , naquela época, era especial, engolir também. E com farinha.
( O meu motivo pra ter forças )
  Eu já estava me recuperando do choque que é estar no luto quando aos 18 anos ingresso no tão sonhado Ensino Superior, que foi uma vitória sem tamanho. Foi para mostrar para as pessoas que pensavam que eu era mais uma menina do interior que voltaria pra casa frustrada.

( Sambei na cara da sociedade )

Mas parecia que a vida queria testar minha fé e perseverança , porque junto com essa alegria veio a dor de uma separação. Me separei de quem me dava suporte nessa história de está longe de casa, longe da família, magoada, ter perdido o pai... O pior nem foi a separação. Foi depois dela. O sentimento que não se movia, só maltratava. As brigas e discussões que só me afastavam de quem um dia foi um grande amigo e alguém especial. O orgulho de querer deixar explicito quem estava certo e quem estava errado por não ter dado certo. Tudo isso foi me machucando, deixando em pedaços, ate que eu desacreditei do amor, ate eu trancar meu coração e ficar triste, vazia e seca.
Cheguei ao ponto de desconhecer o meu reflexo no espelho.
Eu cheguei ao fundo do poço, pensei. A soma de todas as contingências tinham me tornado naquilo. Aquilo que eu detestava.
Então os anjos de plantão foram enviados por Deus para me mostrar que eu era bem maior que as coisas tristes que aconteceram no passado. E tudo foi aprendizagem.
Foi então que eu voltei a ser o que eu era antes. Em uma versão bem melhor.
Alguns anjos me ensinaram a ter autoestima, outros me lembraram de Quem sou filha. Alguns anjos me apresentaram pessoas e lembranças novas. 
( meus anjos )

( A parede e meu dengo )











Pessoa nova.
Meu coração bate de forma descompensada ao escrever sobre isso.
Foram os melhores dois anos da minha vida! Eu pude ser quem eu sou sem jogos ou máscaras. Descobri a cumplicidade e o respeito de uma vez só. Vi que a sociedade se importa muito em colocar rótulos em relacionamento, mas se esquecem de se entregar e se dedicar a eles. Mesmo não mergulhando de cabeça, eu viveria tudo de novo. 
Pena não chegar nos 21 anos descobrindo sobre mim com meu "companheiro de feridas", o "band-aid". 
Quem sabe o nosso reencontro não está marcado para depois dos 21(risos de saudade)?
(sendo desenhista HAHA )
  É, antes dos 21 já aconteceu muita coisa. Nem quero imaginar o que está por vir. Mas creio que será bênção, pois até aqui o Senhor me ajudou. E se até aqui eu cheguei, mesmo ferida, cansada, muitas vezes tentando desistir, foi graças a meu Pai que nunca me deixou e nem me desamparou ( HB 13:5b ) 
Antes dos 21 anos, três amores me marcaram: o primeiro foi meu melhor amigo. Companheiro de salas e conversas. Uma amizade em comum no passado fortaleceu a amizade que tínhamos. na verdade, que temos. Nossos pais foram amigos de infância.  Era um sentimento que ficava ali no meio de carinho de amigo e amor que eu pude sentir. Foi um sentimento tão puro, tão verdadeiro, que um envolvimento não destruiu a grande amizade que a gente tem. Eu sigo levando esse sentimento guardado até hoje. O meu segredo.
O segundo foi meu namorado, que aguentou todas as minhas loucuras, que engoliu todos os sapos que eu o forçava a engolir. Devo passar o resto da minha vida pedidos desculpas a ele. Eu sei que o fiz sofrer e paguei por tudo que fiz. Mas como eu já pedi perdão verdadeiramente, não vou pedir mais porque não tem graça ficar revirando o passado, logo, vá à merda ( não ele, mas a situação  HAHAHA), até porque eu também fui magoada. Com ele eu pude viver um amor adolescente que eu não me permitia ter e aprendi a não cometer os mesmo erros em um futuro relacionamento. Na verdade, eu devo a ele um "muito obrigada pelas aprendizagens".
O terceiro foi o mais intenso. Me amarrei em não está amarrada. Tá junto e me sentir livre,solta...às vezes era ate bom. Você sabe o que é voar e não encontrar um lugar melhor para pousar que aquele abraço? Sabe aquele sapato lindo que foi amor a primeira vista mas não tem sua pontuação e mesmo assim você leva pra casa? Foi assim que aconteceu. Era meu sapato favorito. Aquela havaiana que quebra mas você coloca um prego no cabresto ( coisas de pobre ) só pra não se desfazer. Porque gosta. Porque ama. É, ele é o meu número.
Quem diria que minha melhor amiga casaria antes dos meus 21. E mais, antes de mim ? 

Entrei na academia umas três vezes. Nada mais de dois meses, que é o meu recorde. Mais vou voltar e virar uma panicat. Mas isso deixa pra depois dos 21, vocês verão.
Tentei aprender tocar violão umas duas vezes. Até comprar um violão eu estou tentando. Eu vou aprender.
Já tentei compor musicas, mas nada tão legal que vá me tornar uma compositora e cantora.
Já tentei aprender a andar de skate, patins... o máximo que eu consegui foi andar de PATINETE e de carona.
Nunca andei sozinha pilotando uma moto de 150 cilindradas e morro de medo disso.
Ainda não tirei minha habilitação, mas sempre ameaço bater o carro do meu irmão no portão se isso não acontecer logo.
NUNCA sai do Maranhão. Nem pra ir em Teresina , que é ao lado daqui.
O blog foi criado como uma maneira de catarse e escrever na agenda foi minha terapia. Escrever é uma ótima terapia, eu recomendo.Tudo que está aqui, está nas agendas, que aliás, guardarei para que no futuro dar para minha filha.
Falando em futuro, tenho um cofre e o dinheiro dele é destinado ao meu casamento. Sério! Todas as vezes que eu digo isso, todos riem. Se eu não casar, pelo menos tenho dinheiro pra sair viajando por ai, vai que é assim que eu saio do Maranhão.
Antes dos 21 eu descobri tanta coisa. Não lamento as coisas ruins que aconteceram. Sou grata a Deus por tudo. E eu tenho tanta coisa ainda a fazer. Tudo isso, antes dos 21.


Nenhum comentário

Postar um comentário

Layout por Maryana Sales - Tecnologia Blogger